sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Surdos: uma cultura diferente da nossa


Surdos: uma cultura diferente da nossa Por Priscila Macedo
Gosto quando Lulu Santos diz:
“Não existiria som Se não houvesse o silêncio,
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão A vida é mesmo assim, Dia e noite, não e sim...
Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração. Silenciosamente eu te falo com paixão...
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...
Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia De silêncios e de luz.
Nós somos medo e desejo,

Somos feitos de silêncio e som,

Tem certas coisas que eu não sei dizer...”



E é isso... tem certas coisas que eu não sei dizer. Não sabia. Talvez eu as tenha aprendido com tantas experiências que tenho tido ultimamente. Sabe, é isso. Á um tempo conheci o mundo dos Surdos.

Confesso que ainda conheço, conhecendo estou. Seria? No início Deus disse haja luz, e num instante entendi.

Compreendo desde então que usar as palavras não é mais importante e significativo como eu pensava. Os são? Sim. Mas os gestos, um olhar, uma expressão. Ah! São mais significativos que qualquer palavra ou poema drummondiano. Como? O sendo. Crianças surdas. Como alfabetizá-las?
Impossível!
Cria piamente. Hoje? Tudo é possível ao que crê. Já dizia Paulo aos Filipenses. É. É possível. E crianças surdas com deficiência mental? É possível. E surdos-cegos, MEU DEUS? É possível. Eles são como nós, como uma nação em meio a outra.

São diferentes como qualquer estrangeiro.
Então? Falta-lhes o nosso amor. A nossa amizade. Como os vemos? Coitados? Que dó. Que isso. São gente, e como gente precisam de mais gente. Como? Existe a LIBRAS! Se comunicam. Não são palhaços. Não são gênios da mímica, “engraçadinhos”.

São gente.

Professores, instrutores, artistas e mais um monte! Amo essa gente! Eles precisam dia após dia ganhar o mundo, mas conseguem sozinhos? As vezes sim, as vezes não. Quantos telefonemas para parentes distantes, marcar consultas por 0800s... e mais um monte que já não tive que fazer para ajudar amigos, até desconhecidos? A realidade: não estamos preparados pra tantas diferenças. Erramos? Nem tanto. Há culpados? Creio que não. O governo? Para neh. Sei lá. Inclusão? Que conversa pra boi dormir. Quem inventou isso? Um político? ...


Bom, continuando a questão de Lulu...
“Cada voz que canta o amor não diz Tudo o que quer dizer, Tudo o que cala fala Mais alto ao coração. Silenciosamente eu te falo com paixão...” Assim, hoje, encontrei alguém que me completa: “Não existiria som Se não houvesse o silêncio, Não haveria luz Se não fosse a escuridão A vida é mesmo assim, Dia e noite, não e sim...”
Temos vivido bem. Nunca o vi como surdo, como alguém faltando algo. Eu é que sempre senti algo faltando, como a faca e o queijo, a luz e a estrela, o incerto e o perfeito, o branco e o preto. Uma eterna antítese que não sendo paralelas, se encontram sempre, quebrando assim qualquer regra de não e sim, e pode e não pode, e que é certo, e “que estranho” e tal e coisa. Somos assim. Diferentes. Iguais! Vamos dar as mãos?

Ops, se for assim, um tem que ficar fora da roda: interpretando!

(Façamos um esforço) =D

Nenhum comentário:

Postar um comentário